23 de dezembro de 2014

carta nunca entregue

-Sabe, estive lendo Sr. Gabo em Crônicas de uma morte anunciada. Há um trecho que me fez recordar a você - todas as cartas nunca respondidas. Semelhante a um monólogo, no qual a minha própria cabeça preenche os questionamentos, sorri, lamenta e diz sobre o que não foi dito na cara.
Em meio a uma enxaqueca lancinante vieram, concomitantemente, em minha face, um sorriso e uma lágrima quando lembrei-me de alguma coisa que você me disse. Foi um sorriso de uma saudade feliz e uma lágrima pela falta de nossas conversas e de nossas confissões sobre a vida. Pensei - em seguida - sobre como você poderá estar. Mais um fim de ano clichê, mesma época em que fico vigiando o email para, quem sabe, me deparar com uma mensagem sua. Ah, como é ingênuo o coração. Como é inocente ao alocar em espaço tão especial e destacado alguém que as consequências da vida não permitem que esteja presente. Tive vontade de enviar uma desprentensiosa mensagem ao seu correio eletrônico, só para saber de você - banalidades, corriqueirismo -, porém como carregaria em si inconscientemente todas as pretensões do mundo, achei, por melhor e por saber de resultados omissos anteriores, apenas manter o meu sorriso e a ilusão de que, em um mundo paralelo, estamos bem e falando sobre bolachas-da-praia. 
 
 
There's a whole 'nother conversation going on
In a parallel universe
Where nothing breaks and nothing hurts
There's a wltz playin' frozen in time
Blades of grass on tiny bare feet
I look at you and you're lookin' at me