10 de fevereiro de 2014

máquina voadora

-você chorou por vinte minutos, no aeroporto, aquele dia... você sabe, na volta...
-sim... chorei. precisava desabafar.
-mas por que?
-porque eu não sei ainda para onde voltei, o motivo para voltar... estou seguindo - para frente, frente, frente - mas não sei para onde, não vejo nada por lá... está tudo vazio.
-como foi voltar? talvez justifique não ver nada à frente.
-voltar foi... foi overwhelming - revi todos os anos, mas não me atingiram. se bem que...
-o que?
-revê-lo... mas não quero falar sobre isso... não posso. é um bom amigo. ele estava diferente - digo, não diferente de tudo... o abraço apertado continua o mesmo... mas ele estava de cabelos no estilo exército... tão diferente do que já tinha visto... mas não conseguimos conversar nada além do trivial: tem feito calor e novamente sobre a terra do pai, bem ao sul... na verdade, não importa. nos despedimos. como duas pessoas que nunca mais poderão se ver. foi, no mínimo, estranho... doeu.
-é a única coisa que você ainda não compreendeu.
-se quiser dizer assim, fique à vontade...
-e agora?
-seguir - frente, frente, frente. com o que não tenho... sozinha. é estranho não ter mais o suporte daquela desculpa de ainda não ter terminado a faculdade... é como, bem, sair da adolescência e não poder falar que fez tal idiotice por ainda ser adolescente... é ruim... é ruim ainda pensar que posso consertar as coisas. é péssimo ter essa distância - está tão longe hoje - o motivo pelo o qual vim para cá... e agora, o que eu faço?
-para frente, frente, frente... próximo porto. desta vez, vá sozinha... você já foi sozinha antes... você consegue...
-sim, eu já fui... e se agora... e se agora eu não quiser ir sozinha? é ela, sabe...
-sei... mas é outro caminho...